quarta-feira, 22 de julho de 2015

Corrida de rua versus poluição

A corrida de rua pode ser sua aliada na luta contra a má qualidade do ar; saiba como evitar problemas


Exercícios regulares e aeróbicos, como a corrida de rua ao ar livre, mesmo fazendo com que você absorva mais poluentes num primeiro momento, são capazes de auxiliar na redução dos danos causados pela poluição
Por Ricardo Bassani
Os efeitos da poluição do ar para a saúde vão desde sintomas respiratórios (tosse, catarro e falta de ar), função pulmonar reduzida e hipersecreção de muco, até doenças pulmonares obstrutivas crônicas, como bronquite, enfisema e asma. A redução da expectativa de vida também entra na lista e, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), em 2012, 7 milhões de mortes no mundo tiveram influência dos gases que poluem o ar, como monóxido de carbono e dióxido de enxofre.
Exercícios regulares e aeróbicos, como a corrida de rua ao ar livre, mesmo podendo expor seus praticantes a absorver mais poluentes num primeiro momento, são capazes de auxiliar na redução dos danos. Isso porque influenciam a melhora da qualidade de vida, a recuperação vascular, ortopédica, mental e até o potencial anti-inflamatório do organismo. Resumindo: os benefícios proporcionados pela corrida de rua podem fazer com que uma menor quantidade de poluentes se “fixe”, comparado com motoristas, passageiros e pedestres expostos aos mesmos poluentes. Pesquisas com animais corroboram essa afirmação, mostrando que os ativos expostos à poluição (do ar e tabágica) apresentam evidências de redução dos danos quando comparados aos inativos. Ou seja, o pior é ser sedentário em um mundo poluído.
Pulmões
No processo de transferência de oxigênio do ar para o sangue, alguns poluentes acabam sendo fixados aos glóbulos vermelhos. Em lugares com alto grau de poluição, esse processo se intensifica. Nesse caso, o benefício da corrida para minimizar os problemas é que sua prática constante é capaz de condicionar todo o sistema respiratório, aumentando sua e¬ ciência aeróbica, inclusive regenerativa. Isso acaba impedindo que os poluentes causem maiores problemas no sistema respiratório.
Nariz
O contato com o ar poluído começa nas narinas, onde há uma filtragem por meio dos pelos e muco. A corrida estimula a produção de muco nas narinas, e isso é bom, pois favorece a eliminação de poluentes e germes, mantendo mais e¬ ciente o processo de filtragem do ar no nariz.
Vias respiratórias
As vias aéreas superiores (cavidade nasal, faringe e laringe) e inferiores (traqueia, brônquios e pulmões) são cobertas por tecidos sensíveis ao estresse oxidativo — formação de radicais livres provocados pela poluição. Quem corre libera hormônios com potencial analgésico e anti-inflamatório que colaboram para a regeneração dessas regiões, constantemente bombardeadas pela poluição.
Ossos
Os ossos também sofrem com o ar poluído, enfraquecendo-se, já que uma má qualidade do sangue decorrente da poluição chega à medula óssea. Mas quem corre leva, novamente, a melhor na luta contra a má qualidade do ar, já que se manter ativo auxilia na reposição das células sanguíneas, do cálcio e na manutenção da qualidade óssea.
Músculos
Em pessoas sedentárias expostas à poluição, os músculos ¬ ficam deficitários em oxigênio, atingidos em sua reserva natural de força. Bom lembrar que o coração é um músculo — e, portanto, também sofre com a má qualidade do ar. Mas não se desespere, a corrida te ajudará a criar músculos mais fortes, alongados, flexíveis e irrigados. Ou seja, que ficarão mais poderosos na luta contra os malefícios do ar poluído.
Sangue
Mais um benefício da corrida de rua na luta contra os malefícios da poluição: ela motiva a substituição de células sanguíneas e aperfeiçoa o mecanismo de troca de gases nas células. Na prática, isso quer dizer que as hemácias recebem uma boa ajuda no essencial processo de troca entre monóxido de carbono (CO2) e oxigênio (O2).
Como minimizar os danos:
- Prefira correr pela manhã, quando há menor concentração de poluentes no ar.
- Evite correr ao lado de tráfego intenso, principalmente à tarde.
- Preste atenção às respostas do seu corpo: ardência nos olhos, coceira e espirros no nariz, garganta seca e tosse — sinais claros de poluentes.
- Se não puder fugir dos horários de maior poluição, experimente trocar, em alguns dias, a rua por locais fechados.
- Apele para os antioxidantes, como vitaminas (E e C), para amenizar os possíveis efeitos da poluição no exercício.
(Fontes: Paulo Saldiva é médico patologista pela Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador do Departamento de Saúde Ambiental da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos)
(Matéria publicada na Revista O2 – edição #143 – abril de 2015)

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